Posso andar com junta do cabeçote queimada?
Quando surge algum problema com o veículo, especialmente relacionado ao motor, diversas dúvidas podem surgir na mente do motorista.
Uma delas, bastante específica, é: “É seguro continuar dirigindo com a junta do cabeçote queimada?”.
Vamos esclarecer essa questão para você neste artigo.
Embora a junta do cabeçote não seja uma peça muito conhecida pelos motoristas, você provavelmente já ouviu falar dela.
Para entender melhor, vamos focar apenas no cabeçote, que é a parte superior do motor e faz referência à “cabeça”.
Dessa forma, é fácil pelo menos identificar onde fica: no topo do motor, é a parte “cabeça” dele.
A junta do cabeçote, como o próprio nome sugere, é a peça que conecta o cabeçote ao bloco do motor.
Sua função é vedar as câmaras de combustão e também é essencial para o resfriamento do motor e a passagem de óleo lubrificante.
No entanto, como qualquer componente mecânico, ela não dura para sempre e pode eventualmente sofrer danos, resultando em um superaquecimento do sistema.
Com o tempo, ela pode acabar queimando.
Portanto, surge a questão: é seguro continuar dirigindo com a junta do cabeçote queimada?
Para uma resposta completa e detalhada, continue lendo este artigo
Divisões do motor
Antes de tudo, vale apresentar as divisões do motor. No item anterior, você já viu que o cabeçote é uma das partes; além dela, há outros trechos principais: bloco e cárter.
O formato do motor é determinado pelo bloco, podendo ser em linha, em V, com cilindros opostos (boxer) ou rotativo (Wankel), e variando também no número de cilindros (1, 2, 3, 4, 5, 6, 8, 10, 12 ou 16).
É no bloco que ocorre o processo de combustão. Suas partes essenciais incluem os pistões, bielas, válvulas e virabrequim.
Por outro lado, o cárter desempenha o papel importante de garantir a lubrificação do motor, reduzindo o atrito entre as peças e evitando o superaquecimento. Ele é responsável por armazenar o óleo e, adicionalmente, por resfriá-lo.
Além disso, a maioria dos resíduos e detritos (que não são filtrados) se deposita no cárter, impedindo que prejudiquem o desempenho do motor.
O que é, e qual a função do cabeçote
Reforçando: o cabeçote é a parte superior, a “cabeça” do motor.
Cabe a ele refrigerar o sistema, controlando a entrada e saída da mistura ar-combustível dos cilindros localizados no bloco.
Dessa forma, ele evita o superaquecimento dessa engrenagem.
Por se tratar de um componente indispensável ao veículo – o cabeçote geralmente é feito pelo mesmo material do bloco; embora, no caso de motores de alto rendimento, o alumínio também seja comum à sua composição.
Tipos de cabeçote
Flathead
Desenvolvido pela Ford em 1932 para os motores V8, o Flathead caracterizava-se por ter válvulas laterais alojadas no bloco do motor.
Na prática, não havia um cabeçote como conhecemos hoje.
Em vez disso, uma tampa era usada para encaixar as velas, permitindo que as válvulas abrissem e abastecessem a câmara de combustão com a mistura ar-combustível.
O termo “Flathead” significa “cabeça plana” em inglês.
OHV
Os cabeçotes Over Head Valve (OHV), ou “válvula sobre o cabeçote”, revolucionaram a maneira como os motores recebiam a mistura ar-combustível.
As válvulas no cabeçote passaram a ser acionadas por varetas, tuchos ou balancins.
Este design permitiu maior controle de admissão, aumento da compressão e melhor eficiência e potência dos motores.
No entanto, ao longo do tempo, o OHV tornou-se obsoleto devido a perdas mecânicas e limitações na capacidade de rotação.
OHC ou SOHC
O modelo Overhead Camshaft (OHC), ou “comando de válvulas sobre o cabeçote”, permite o acionamento direto das válvulas, proporcionando maior eficiência e precisão.
A adição da letra “S” no início da sigla para Single Overhead Camshaft (SOHC) indica que o motor possui apenas um comando de válvulas.
Essa tecnologia reduziu a quantidade de peças no sistema de comando de válvulas, permitindo maiores rotações do motor em comparação com os cabeçotes anteriores.
DOHC
O cabeçote DOHC (Double Overhead Camshaft), ou “duplo comando de válvulas sobre o cabeçote”, permite que o comando das válvulas de admissão e escape seja realizado por dois eixos distintos, aumentando a economia e o desempenho.
Essa tecnologia também possibilitou o desenvolvimento do variador de fase, permitindo o ajuste dinâmico do tempo de abertura e fechamento das válvulas.
O sistema DOHC tornou viável o uso de múltiplas válvulas por cilindro e ainda é amplamente utilizado atualmente.
Afinal, posso andar com a junta do cabeçote queimada?
Bem, tecnicamente é possível, especialmente em situações de emergência ou quando o problema é descoberto de repente e não há como parar o veículo imediatamente.
No entanto, é importante estar ciente dos riscos envolvidos e entender que o melhor curso de ação é levar o carro à oficina o mais rápido possível.
Dito isso, é aconselhável evitar essa prática sempre que possível! Inicialmente, continuar dirigindo com a junta do cabeçote queimada pode causar danos apenas a essa peça específica.
No entanto, é importante entender que a falha de um componente pode rapidamente afetar outros.
Portanto, é fundamental resolver o problema o mais rápido possível, procurando um mecânico de confiança.
Pode-se comparar a situação a uma orquestra: se um instrumento desafina, afeta todo o desempenho da banda.
É importante você contra com uma proteção veicular, caso seu caro pare na estrada, você não fique na mão.
Sintomas da junta de cabeçote queimada
Se o seu veículo está enfrentando problemas como diminuição do nível da água do radiador, velas de ignição úmidas, falhas no motor e uma quantidade excessiva de fumaça saindo do escapamento, é altamente provável que a junta de cabeçote esteja queimada.
Especialmente se as falhas no motor estiverem relacionadas a vazamentos de água nos cilindros, este pode ser um indicativo claro de que a junta foi danificada.
Um dos tipos de vazamento que pode ocorrer é devido à perda do líquido de arrefecimento, exigindo frequentemente a adição de mais líquido do que o normal.
É importante estar atento a qualquer excesso de fumaça saindo do escapamento, o que muitas vezes ocorre quando o líquido de arrefecimento vaza para os cilindros e é queimado, resultando em vapor.
Esse vapor, à primeira vista, pode ser interpretado como fumaça.
Em suma, os sintomas de uma junta de cabeçote queimada são relativamente fáceis de identificar e estão diretamente relacionados ao superaquecimento do motor.
No entanto, é importante compreender que o que parece ser apenas fumaça é na verdade o resultado de um processo de combustão que gera vapor.
O que é retífica de cabeçote?
Em primeiro lugar, é importante esclarecer que retificar não significa substituir.
Na realidade, trata-se de um processo de correção, restauração ou recuperação, com o objetivo de restabelecer o funcionamento adequado do sistema.
Em muitos casos, não é necessário adquirir um novo cabeçote, mas sim submetê-lo a uma retífica.
Analogamente, ao entender o cabeçote como a “cabeça” do motor, podemos comparar sua função à da cabeça humana, que controla a entrada e saída de combustível do motor, assim como a cabeça humana controla os pensamentos por meio de conexões neurais.
Considerando que, nos motores mais modernos, o comando de válvulas está localizado no cabeçote, podemos concluir que o funcionamento do motor depende essencialmente do comando de válvulas.
Portanto, se houver algum problema com este componente, o sistema não operará corretamente.
Embora o processo de retífica do cabeçote não seja extremamente complexo, requer uma atenção meticulosa para identificar todas as falhas apresentadas pela peça e corrigi-las de forma eficaz
Quando preciso fazer a retífica do cabeçote?
Naturalmente, a necessidade de retificar o cabeçote não surge do nada. Há alguns sinais que indicam quando essa medida se torna essencial, como:
Dificuldade para ligar o motor do veículo; Superaquecimento do motor; Quebra da correia dentada; Baixo nível ou ausência de óleo lubrificante.
Seguindo a mesma lógica da junta do cabeçote, é importante identificar precocemente o problema, pois, com o tempo, um defeito nessa peça pode afetar não apenas o cabeçote, mas todo o motor.
Uma eventual queima da junta pode empenar o cabeçote, interferindo na rotação do motor ao misturar água de refrigeração com óleo lubrificante, resultando no travamento do motor.
Portanto, enfatizamos: não adie a solução! Em alguns casos, tratamentos paliativos não são eficazes.
Ao detectar qualquer defeito, é essencial agir rapidamente. Procure imediatamente um mecânico de confiança.
Durante o processo de retífica, ao remover o cabeçote, o mecânico deve inspecionar cuidadosamente as áreas danificadas. Em motores mais antigos, pode ser mais fácil identificar danos, como corrosão.
Nesses casos, é comum observar danos nas galerias de água na superfície do cabeçote. Para corrigir essas irregularidades, a peça deve ser soldada e depois planificada para restaurar sua superfície.
No entanto, há situações em que a retífica não é suficiente.
Quando não é necessária a retífica
Se os danos causados pelo superaquecimento forem mínimos, a retífica pode não ser necessária.
Nesses casos, substituir a junta é suficiente. Se isso ocorrer, o procedimento mais adequado é desligar o motor e solicitar um reboque para o veículo.
Não confundir “retífica do cabeçote” com “retífica do motor”
Embora o cabeçote seja parte do motor, os termos são diferentes. Não confunda!
As peças internas de um motor em pleno funcionamento exercem grande esforço, sujeitas a altas temperaturas e constante atrito.
Naturalmente, elas se desgastam com o tempo; e, em linhas gerais, é necessário fazer a retífica do motor após 200 mil km rodados.
Outros fatores são capazes de determinar a necessidade de retífica do motor antes do tempo (alguns deles já mencionados em relação ao cabeçote), tais como:
- Superaquecimento do motor;
- Quebra da correia dentada (em alguns motores);
- Óleo lubrificante com baixo nível, falta dele, ou deixá-lo muito tempo sem trocar;
- Hábito de “descansar” o pé esquerdo no pedal da embreagem;
- Falta de manutenções preventivas.
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Conclusão junta do cabeçote queimada
Em suma, lidar com uma junta do cabeçote queimada pode ser uma situação desafiadora para qualquer motorista, mas é importante agir rapidamente para evitar danos maiores ao veículo e garantir sua segurança na estrada.
Identificar os sintomas precocemente e buscar a assistência de um profissional qualificado são passos essenciais para resolver o problema de forma eficaz.
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